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Entre o Muro Branco e o Buraco Negro 6i2t23

O ritornelo de uma esperança desesperada 2g7016

Por Jorge Aziz em 18/05/2025 às 10:33:05

O Papa e o "buraco negro"


Despedimos -nos de Edivaldo Franco, de Pepe Mujica, e nos preparamos — com o coração pesado — para a possível despedida de Papa Francisco. Três figuras que, à sua maneira, fizeram do humano um chamado, da política uma ética, da fé uma escuta. Diante da vacância simbólica que sua ausência deixa, emerge uma ansiedade global: quem poderá habitar esse lugar de sentido? Quem pode recompor, mesmo que provisoriamente, o laço esgarçado entre o singular e o comum?


Essa inquietação não é nova, mas se intensifica em tempos de instabilidade civilizatória. Deleuze e Guattari, em Mil Platôs, evocam o conceito de ritornelo (vol. 4, "O Ritornelo"), para nomear o gesto criador que marca um território no caos — um refrão, uma repetição mínima, que estabiliza o indizível. Como o canto de uma criança no escuro, o ritornelo não é uma fuga, mas uma forma de resistência.


É nesse sentido que o estatuto do romantismo, também discutido nesse capítulo, ganha novo fôlego: não como nostalgia ou exaltação do ado, mas como a aposta em uma sensibilidade que se recusa a ser absorvida pelo maquinismo do mundo. O romantismo, tal como Deleuze e Guattari o redescrevem, é uma força de territorialização estética, de criação de mundos possíveis. Frente a uma globalidade mutante e uma institucionalidade hesitante, é preciso ouvir os ritmos, acompanhar os agenciamentos, aceitar a pluralidade dos devires.


Mas o que seriam hoje esses ritornelos capazes de responder ao vazio deixado por figuras como:


Edivaldo Franco, médium e educador espírita brasileiro, foi um símbolo da paz interior e da caridade silenciosa. Inspirado por Chico Xavier, dedicou a vida à doutrina espírita e à construção de uma espiritualidade inclusiva, promovendo o consolo e o entendimento.


Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, camponês, guerrilheiro, estadista, sempre fez da simplicidade um modo de vida. Recusando luxos e poder, ofereceu uma política do afeto, da humildade, do comum, mostrando que a liderança pode florescer na coerência entre o gesto e a palavra.


Papa Francisco, o primeiro pontífice latino-americano, foi um sopro de ar fresco na Igreja Católica. Ao adotar uma linguagem pastoral, crítica ao neoliberalismo, defensor dos pobres e da ecologia integral (Laudato Si"), enfrentou o desafio de uma fé em tempos de colapso simbólico.


Estes não foram ídolos, mas ritornelos — marcaram o território de uma ética viva, instável, por vezes frágil, mas persistente. Foram formas de vida que, como sugeria Paul Virilio, existiram contra o tempo dromológico que tudo acelera rumo ao acidente final. Eles permaneceram, de algum modo, no "entre": entre o muro branco, da codificação, das instituições endurecidas, e o buraco negro, onde a subjetividade colapsa, capturada pela insignificância ou pela máquina de guerra.


A pergunta que nos resta é: há ainda lugar, neste mundo em vertigem, para uma figura global humanista? Ou devemos abandonar a busca por um nome e aprender a escutar os pequenos ritmos dispersos, os gestos anônimos, os agenciamentos coletivos?


A esperança desesperada não é a espera iva, mas o desejo ativo de cantar — mesmo que sozinho — no escuro do mundo. É o desejo de não sucumbir ao cinismo. De fazer da fragilidade um novo devir.


Como disseram Deleuze e Guattari, "o ritornelo não é uma volta ao mesmo, é a criação de um novo território". Talvez o próximo Papa — Leão XIV ou nenhum — não seja um homem, mas um conjunto de vozes, de práticas e de ritmos. Talvez sejamos nós, em coro.

Fonte: Citada no texto

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