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Programadores e Programados 4a736d

Quem escreve o mundo de hoje? 31848

Por Jorge Aziz em 09/06/2025 às 08:26:03

O olho de quem vê?

Quem está escrevendo o seu mundo?

Lucas, 12 anos, a quatro horas por dia criando vídeos para o TikTok.

Sua professora de literatura, Dona Marta, luta para ensinar Machado de Assis a uma turma que mal lê textos longos.

No andar de cima da escola, um grupo de técnicos da Secretaria de Educação testa uma nova plataforma de ensino remoto — repleta de algoritmos de vigilância de atenção.


Quem está programando o cotidiano desses alunos?

Quem escreve os códigos que filtram suas percepções, desejos e escolhas?

Quem, afinal, codifica o mundo que eles habitam?

Da linguagem ao código: a nova gramática do pode

O filósofo Vilém Flusser dizia: as imagens técnicas não representam mais o mundo — elas o programam.

Hoje, as plataformas não apenas distribuem conteúdos: moldam a experiência do real.


Este novo campo é o verdadeiro espaço do poder contemporâneo.

Como Yuval Harari adverte em Nexus: o controle das interfaces mente-máquina será a disputa crucial do século XXI.


Os novos programadores não são apenas engenheiros. São os designers de fluxos, criadores de algoritmos, mestres da curadoria digital.

Adeus ao trabalho repetitivo: quem não cria é descartado

O velho trabalho de execução está morrendo.

Automação e IA não pedem licença.


Como disse Paul Virilio: a velocidade dos fluxos cria novas desigualdades cognitivas.

Os que não aprendem a se mover nesse espaço serão programados pelos que dominam o código.


Nas escolas, isso já é visível: quem apenas "usa tecnologia" sem compreendê-la está condenado a um lugar subalterno no novo mapa social.

A Escola como campo de batalha do código

A escola pública brasileira ainda resiste a este debate.


Ao não ensinar linguagens de programação e pensamento computacional, forma alunos que serão programados, não programadores.

Ao se render a plataformas padronizadas, corre o risco de se tornar um depósito de corpos digitais dóceis, como diria Foucault.


Como alerta Peter Sloterdijk, o humano é um animal programável. Mas agora somos programáveis por máquinas que aprendem sozinhas — e nos programam enquanto aprendem.

Box especial — O que significa programar? E por que isso importa? 3e5l5g


Programar não é apenas escrever linhas de código em um computador.

Programar é decidir como uma máquina ou sistema funciona — que escolhas oferece, que caminhos permite, que comportamentos reforça.


Hoje, plataformas digitais programam muito mais que máquinas: programam nossa atenção, desejos, afetos, opiniões.


Quem não entende como isso funciona corre o risco de ser apenas um objeto da programação alheia.


Por isso, ensinar programação (técnica e crítica) nas escolas não é um luxo — é um direito. E uma necessidade para a democracia.

Linhas de fugas: o direito de escrever o mundo


Mas há esperança.


Como diz Flusser: o verdadeiro gesto humano é jogar com os códigos.

Como propõem Deleuze & Guattari: não basta fugir da máquina de captura — é preciso traçar linhas de fuga com consistência.


Linhas de fuga hoje significam:


? Ensinar crianças a programar — não apenas a clicar.

? Formar professores como meta-programadores culturais.

? Introduzir epistemologia digital nos currículos.

? Cultivar práticas lentas e críticas no meio da vertigem algorítmica.


Epílogo: quem dança com os códigos? 4e2g4x


Estamos sendo escritos todos os dias por linhas de código que não lemos.

Mas ainda podemos aprender a escrever o mundo.


Ensinar a juventude a dançar com os códigos, a criar linguagens novas, a forjar superfícies críticas, será o maior desafio ético e pedagógico das próximas décadas.


Se não o fizermos, entregaremos nossos filhos a um mundo já escrito — por outros.


E como dizia Sloterdijk: um mundo escrito sem nós é um mundo onde já não vivemos — apenas sobrevivemos.

"A liberdade não está em recusar os códigos, mas em saber jogá-los contra si mesmos — criando novos mundos a cada gesto."

— Vilém Flusser


Créditos autorais: 1g26a

Este artigo integra a série Coluna Desafios, publicada por Jorge Aziz em diversos canais de jornalismo e pensamento crítico.


Fonte: Citada no texto

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