{ "@context": "https://schema.org", "@type": "NewsMediaOrganization", "name": "Desafios com Jorge Aziz", "alternateName": "Desafios com Jorge Aziz", "url": "/", "logo": "/imagens/120x100/layout/logo_ba3a032a6855389c766e98a652e6c33f.png", "sameAs": [ "https://www.facebook.com/rjnewsnoticiasface", "" ] }{ "@context": "https://schema.org", "@type": "WebSite", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/busca/{busca_termo}", "query-input": "required name=busca_termo" } } .header-coluna { background: url(/hf-conteudo/templates/the-big-journal-v3/img/header/blogs.jpg) center center #000; background-size: cover; height: 250px; z-index: 999999; } .header-coluna-logo { background: url(/hf-conteudo/s/layout/blog_23_628bb0.jpeg) no-repeat center; background-size: contain; width: 100%; height: 250px; position: absolute; z-index: 1; margin-top: 0px; left: 0; } .header-coluna-logo-cor { position: absolute; z-index: 1; width: 100%; height: 250px; background: cc; } .maxh70 { max-height: 70px; } .margin-top-70 { margin-top: 70px; } 5s3q8

Macaé e o Fetiche do Progresso 3y5i

Entre a Imagem e a Realidade 2zs49

Por Jorge Aziz em 22/03/2025 às 11:14:54

Foto Instagram

1. Entre as narrativas e o real

Macaé se tornou, nos últimos anos, um dos principais símbolos do discurso do progresso no interior do estado do Rio.
Com a consolidação da cadeia produtiva do petróleo offshore e, mais recentemente, com a chegada das termelétricas,
o município vem sendo amplamente apresentado como uma cidade "do futuro". A prefeitura, os setores empresariais
e a imprensa institucional divulgam imagens de obras, parcerias e eventos com alto investimento em marketing —
criando uma narrativa de crescimento e modernização contínua.

Mas a realidade vivida pela população é mais complexa do que a narrativa que circula nas redes. O crescimento urbano
desordenado, a desigualdade no o aos serviços públicos e a degradação ambiental contrastam com o discurso da
cidade-modelo. Muitas comunidades enfrentam a precarização da mobilidade, problemas de abastecimento de água e
insegurança, enquanto o discurso oficial reforça a imagem de uma cidade vibrante e próspera.

2. O consumo da imaterialidade: quando a informação substitui a experiência

Inspirado por reflexões do filósofo Vilém Flusser, é possível perceber que estamos vivendo uma era em que as imagens
e os dados se tornam mais "reais" do que a experiência concreta. Pequenos atos istrativos — uma reunião, uma
entrega simbólica, uma visita técnica — são transformados em grandes conquistas por meio de vídeos, legendas e
transmissões ao vivo. A gestão pública local a a operar também como curadora de sentidos, organizando um
imaginário de progresso que muitas vezes não encontra base material sólida.

O munícipe, imerso nesse fluxo de informações, começa a consumir não a cidade em que vive, mas a cidade que vê nas telas.
Há um deslocamento do real para o simbólico. E, nesse movimento, a crítica política e o debate público se enfraquecem,
pois o cotidiano deixa de ser a referência principal da avaliação sobre a cidade.

3. A ausência de um projeto de sustentabilidade para o município

Enquanto isso, os desafios estruturais seguem acumulando-se. A pressão das indústrias e da urbanização sobre os recursos
hídricos da bacia do rio Macaé é crescente. A expansão imobiliária em áreas frágeis avança. O agronegócio intensivo se
sobrepõe a experiências sustentáveis. E os royalties do petróleo, embora volumosos, têm sido consumidos por obras pontuais
e ações de curto prazo, sem um plano de transição econômica ou ambiental.

Falta a Macaé um projeto de sustentabilidade que seja estratégico, participativo e de longo prazo. Um plano que enfrente
os limites ambientais do território, diversifique a economia, valorize a produção local e incorpore a juventude ao futuro
do município. O discurso do progresso, sem esse projeto estruturante, se esgota na própria repetição.

Conclusão: o fetiche midiático do falso progresso em troca de votos

O que se observa é a substituição do planejamento estratégico pela performance política. O fetiche da imagem e das redes
sociais ocupa o lugar do debate público real. Em nome de um progresso codificado — construído para likes e manchetes —,
esvazia-se a possibilidade de uma cidade mais justa, inteligente e sustentável.

No fim das contas, o que está em jogo não é apenas a disputa por narrativa, mas o próprio futuro de Macaé como território
de vida. A cidade precisa voltar a se pensar com profundidade, com diálogo, com responsabilidade ambiental e social.
Caso contrário, seguirá sendo palco de um falso progresso que, por trás da luz das câmeras, não a de campanha eleitoral antecipada.


Ler anterior

Encontro incentiva mulheres a ocuparem espaços de poder e decisão 217132

Ler próxima

Entre Coisas e Códigos 711a20

Corretora
Zion