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Macaé é uma cidade de cifras astronômicas. Bilhões em royalties, bilionária em promessas e projetos, grandiosa na propaganda da modernidade. Mas o que impressiona mais do que suas cifras é o silêncio. Um silêncio profundo, quase ensurdecedor, que envolve os mecanismos de controle, os conselhos municipais, os órgãos reguladores e até mesmo a opinião pública.
A cidade cresce, ergue-se sobre bases de concreto e aço, sobre águas represadas e mares cortados por oleodutos. No papel, é um polo estratégico de desenvolvimento. Na prática, é uma cidade que se transforma sem freios visíveis, sem resistências notáveis, sem a fricção natural de uma democracia saudável.
Os mecanismos de autocorreção da gestão pública, que deveriam atuar como bússolas para evitar desvios, operam discretamente – ou, quem sabe, foram convertidos em engrenagens silenciosas de um sistema que não deseja ser questionado.
A Cidade que Cresce Sem Vozes
O desenvolvimento urbano de Macaé avança sem grandes embaraços. As obras de impacto ambiental, que em outros lugares enfrentariam batalhas jurídicas e protestos de ambientalistas, aqui surgem como fatos consumados. O represamento das águas do Rio Macaé? Autorizado. O licenciamento do Terpor, que amplia o porto para operações de petróleo e gás? Aprovado. A instalação de novas termoelétricas, na contramão da transição energética global? Em andamento.
Enquanto o mundo discute mudanças climáticas, redução de carbono e compromissos da CP, Macaé caminha na direção oposta, apostando todas as suas fichas na expansão do setor petrolífero e energético como se o futuro não exigisse mudanças.
E onde estão os mecanismos regulatórios que deveriam equilibrar esse jogo? O Ministério Público, os Conselhos Municipais, o Tribunal de Contas, a Justiça Ambiental, todos parecem operar de forma branda, contida, sem atritos significativos.
O Dinheiro e a Desproporção
Mas o silêncio não se restringe ao meio ambiente. Ele se espalha pelo cotidiano da cidade e pela gestão dos seus bilhões. Macaé ostenta um dos maiores orçamentos municipais do país, mas a relação entre esses recursos e a qualidade dos serviços públicos é, no mínimo, distorcida.
Os números per capita em educação e saúde são de encher os olhos – mas o que se vê nas escolas e nas unidades de saúde são estruturas que mal absorvem a realidade do crescimento populacional.
O município investe milhões em equipamentos públicos de alto custo, mas as mesmas instalações sofrem com manutenção precária e falta de continuidade istrativa. Estádios, hospitais, teatros e centros culturais são erguidos com pompa, mas logo se tornam fardos financeiros, condenados à deterioração lenta.
As grandes cifras da cidade não encontram equivalência na melhoria da qualidade de vida da população. Para onde vão esses recursos? Quem os fiscaliza? Quem questiona os rumos desse dinheiro?
Uma Democracia sem Atrito
A ausência de obstáculos ao governo local pode ser vista como um sinal de eficiência istrativa. Afinal, se não há grandes denúncias, talvez tudo esteja sob controle, não?
Ou seria esse silêncio o sintoma de uma democracia sem fricção, sem contrapontos, sem espaços reais de contestação?
A imprensa, que deveria questionar, torna-se repetidora das narrativas oficiais. Os conselhos municipais, que deveriam atuar como mediadores entre o povo e o poder, são cooptados ou esvaziados. O Ministério Público, que poderia impor limites, atua pontualmente, sem pressões significativas.
Sem vozes dissonantes, o governo local parece infalível. E a ausência de conflitos pode ser o maior dos problemas.
O Preço do Silêncio
As grandes decisões que moldam Macaé não am pelo crivo da população, não enfrentam resistências institucionais significativas e não geram grandes debates públicos.
Esse silêncio tem um preço. Ele custa à cidade a oportunidade de discutir caminhos alternativos, de pensar na transição energética, de avaliar se o modelo atual é sustentável a longo prazo.
O silêncio das vozes protetoras da democracia não significa que tudo esteja bem – significa apenas que a cidade aceita, sem questionamento, os rumos que lhe são impostos.
E assim, Macaé segue sua trajetória bilionária, com um futuro que é decidido por poucos e questionado por quase ninguém.